Acho que é isso, já tô babão demais.
Pai docês, um tanto quanto coruja.
Segundo o portal de busca de diários virtuais Technorati, a cada dia, 175 mil blogs são criados. Como não é necessário o domínio de uma linguagem específica de computadores, milhões de pessoas se aventuram a usar a ferramenta.
O webjornalismo, que antes se restringia a publicar na rede os mesmos textos do jornalismo impresso, se adequou ao novo suporte. Entre tantos outros recursos – vídeos, enquetes, hipertextos, notícias relacionadas – o blog obteve lugar de destaque. A web está repleta de blogs jornalísticos.
A grande oferta de informação acarreta um volume enorme de notícias de origem duvidosa. Qualquer um está apto a publicar o que desejar. No entanto, o jornalista Ivan Satuf, autor de uma dissertação de mestrado pela UFMG sobre jornalismo em blogs, afirma que “a rede abriga topografias. Isso quer dizer que cada ponto da rede guarda um valor. Não é possível comparar o Blog do Noblat com o blog de um estudante de jornalismo, mesmo que os dois possuam informações verdadeiras e de qualidade.”
Ricardo Noblat possui um blog no portal do jornal O Globo. É um dos mais acessados do país e recebe mais de mil comentários por dia. Em um texto para o Observatório da Imprensa em 2005, Noblat pesou os prós e contras e afirmou que “todo jornalista deveria ter um blog. A experiência de ser responsável por um ensina mais do que muitos anos de redação.”
No jornalismo impresso as possibilidades de interação do leitor são bastante limitadas. Em um blog a facilidade é tanta que, de certo modo, os leitores norteiam o trabalho do blogueiro com seus comentários. O estudante de Comunicação Social da UFMG, Breiller Pires, dono do blog esportivo Rola Blog, pensa que “esse é o grande barato: a interação, o imediatismo, a possibilidade de concordar e discordar de forma simples e rápida. Dessa maneira, o blog quebra um pouco a idéia de autoria individual das postagens.” Já o jornalista Juca Kfouri, que mantém um blog no portal UOL, crê que apenas uma minoria emite opinião: “os comentários servem para medir a temperatura de certos temas, mas estou convencido de que quem escreve para meios de comunicação raramente representa o que pensa a maioria, que lê e não se manifesta.”
O blog possui uma interface gráfica que hierarquiza as notícias de maneira bastante peculiar. Todo novo post é inserido na parte de cima da página. Isso faz com que uma notícia trivial possa estar acima da manchete do dia. Ao mesmo tempo, os blogs, assim como a internet em geral, não possuem uma hora certa para serem acessados e lidos. A informação está constantemente à disposição do leitor.
A jornalista paulistana Letícia Castro, dona do blog Babel, conta porque resolveu fazê-lo: “O meu objetivo era escapar um pouco do crivo de um outro editor que não eu. Já na faculdade, aprende-se que os textos vão sofrer edição e não apenas por questões de mau uso da língua, mas para enquadrar-se ao veículo a que se submetem.” O conceito de gatekeeping, segundo o qual há um controle da informação pelos jornalistas de acordo com os critérios de noticiabilidade, se perde nos blogs. Dá-se lugar ao conceito de gatewatching, no qual há que se avaliar qual informação é verdadeira e interessante. O leitor escolhe o que quer ler. E a oferta de blogs é tanta que se desenvolvem nichos específicos. Cada um com seu público fiel.
O post de hoje sairá do tema – tema? – do blog para tratar de um assunto sério.
Está em trâmite no Congresso um projeto de lei que, se aprovado, controlaria o acesso e a navegação à Web no Brasil. O projeto, do senador mineiro Eduardo Azeredo, objetiva proteger direitos autorais e acabar com crimes virtuais, tais como disseminação de vírus e roubos de senhas.
Todo usuário seria obrigado a fornecer seus dados para realizar a navegação. Isso – como explica Sérgio Amadeu em entrevista ao Monitor de Mídia – acabaria com qualquer possibilidade de redes Wireless abertas. Em um momento em que começam a ser disponibilizadas acessos gratuitos à rede – em BH, por exemplo, a Prefeitura oferece em alguns pontos da cidade algumas horas de navegação – esse PL corre na contramão da inclusão digital. O acesso ficaria mais caro e burocrático. Todo o conceito de livre navegação e privacidade presente na rede iria por água abaixo.
É claro que é necessário punir pedófilos e hackers. Porém, é inadmissível que seja interrompido um momento de compartilhamento de informações. Nem que diversos usuários de redes abertas sejam impedidos de ter acesso à Internet.
Torço para que nossos ilustríssimos deputados e senadores não incorram nesse erro e não caiam no lobby de bancos e empresas de identificação virtual. Não é possível que os brasileiros sejam impedidos de trocar dados e navegar com privacidade. Deve haver um jeito de punir atos ilegais na rede sem toda essa rigidez. Se a legislação vigente está obsoleta, que se crie uma nova, mas nos deixem navegar.
Acho que como eu, a maioria dos blogueiros – agora eu posso me considerar um - e usuários de Web são contra vários artigos dessa lei. Há um abaixo-assinado virtual que já conta com mais de 100 mil assinaturas.
O Pai docês não admite ser bisbilhotado.
HAHAHAHA